Santuário do Senhor Bom Jesus – Seabra
Nas “Serras altaneiras” desponta majestoso e imponente o Santuário do Bom Jesus, construído há mais de quarenta anos pelos padres capuchinhos, idealizado e projetado por Frei Justo Venturi, em formato de cruz evocando o sacrifício redentor de Cristo, cuja imagem está de braços abertos para acolher e restaurar a “imagem e semelhança” de Deus em cada homem e em cada mulher, ferido e machucado pelo pecado, dando-nos a certeza de sermos os seus preferidos, como nos afirma o profeta Isaías: “nada temas, pois eu te resgato, eu te chamo pelo nome, és meu” (Is 43,1).
A motivação
Segundo Frei Justo, a construção do Santuário do Bom Jesus foi inspirada nas centenas de romeiros que passavam por aqui entre julho e agosto para a festa do Senhor Bom Jesus da Lapa, em caminhonetes e caminhões com bancos de madeira improvisados para a ocasião e forrados de lona, conhecidos com “paus de arara”, sem nenhuma segurança ou proteção. Sensível às precárias condições de viagem desses peregrinos, assim que chegou aqui, na década de 60, Frei Justo pensou em erguer um santuário em pedra, que lembrasse uma gruta, onde os romeiros também pudessem cumprir seus votos e promessas.
Com a humildade dos santos e a coragem dos grandes heróis, Frei Justo e Frei Graciano, apoiados pela comunidade, se lançaram nesse empreendimento com ardor e boa vontade, sacrifício e dedicação para erguer o grande santuário, junto com pedreiros e serventes dedicados.
Para mobilizar a comunidade e angariar recursos para iniciar uma obra desta magnitude, em 1968, por iniciativa de Frei Justo, das Irmãs da Reparação e de algumas senhoras, foi realizado um desfile com as principais personagens das histórias infantis, caracterizadas a rigor, como Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, Branca de Neve, dentre outras.
Pedra sobre pedra ia sendo colocada no grande monumento, trabalho pesado em ombros humanos, sob o sol escaldante para erguer cada bloco, numa altura, até então, jamais erguida em Seabra, e, sem os recursos elétricos e hidráulicos existentes hoje.
A inauguração
A missa inaugural do Santuário do bom Jesus, foi celebrada aos treze de julho de mil novecentos e setenta e cinco, com a Primeira Comunhão de crianças e adolescentes, fazendo eco às apalavras do Mestre que acolhia “as criancinhas e as abençoava porque delas é o Reino dos Céus”. Com esse marco espiritual e humano, a Igreja de Seabra tomava consciência de seu múnus sacerdotal, profético e real, que se origina na família, com os Sacramentos da Iniciação Cristã e vai amadurecendo à medida que se integra nos serviços pastorais e comunitários.
Sem dúvida, o trabalho e a dedicação de Frei Justo e Frei Graciano foi visionário e inovador. Enquanto eles construíam o santuário de pedra, certamente vislumbravam o Santuário humano, vivo, dinâmico, comprometido, de homens e mulheres trabalhando para o Reino de Deus, numa visão futurista da realidade que temos hoje. A ele, nossa gratidão, nosso amor e saudades.
A Festa
Do primeiro ao último dia do novenário do Bom Jesus, é enriquecido pela participação das várias pastorais e movimentos e de grande número de fiéis, graças aos trabalhos de evangelização e conscientização dos padres capuchinos que por aqui estiveram em missão e que foram responsáveis pela formação espiritual das lideranças da Paróquia, além de promover a integração dos diversos grupos. Para esta missão, o Bom Jesus cada um de nós para reacender a chama da fé, da esperança, do amor e da alegria, características estas do nosso povo, transmitidas ao longo do tempo pelos avós, pais, catequistas, professores e tantas pessoas anônimas, cuja caridade mantém viva a esperança em meio às injustiças e adversidades, na certeza de que Deus Pai nos abençoou no Bom Jesus, seu Filho, o Salvador do mundo.
Texto de Maria Auxiliadora Sá Teles
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